"Parece que os nossos compositores e músicos esqueceram-se dos bons ouvidos, pois o que se ouve nas emissoras de rádios é uma agressão aos ouvidos humanos.
Nos últimos anos houve uma invasão de um tal de bandanejo, breganejo e bundanejo, que não dá para entender qual é o ritmo, pois não há uma definição musical, não se produz mais nada de sentido a uma tonalidade audível ou uma letra que possa trazer uma mensagem.
Com minha rotina de viagens, fico navegando nas emissoras de rádio e é decepcionante o que estão fazendo com a boa música, estão assassinando até bons ritmos criados lá nos anos 60 ou 70, e de lá para cá virou uma mistura de carimbo com vaneira, marcha com baião, e uma tal de música sertaneja que de sertaneja não tem nada.
É uma encarnação do forró com não sei o que de som, exprimindo em gargantas quase se explodindo para superar a estridentes guitarras, além de um batuque de banda nordestina que se mistura ao breganejo.
Meu Deus!Orgulhava-nos no Sul em ter um ritmo próprio, com belas letras nativas e canções bem estudadas, onde o amor pela terra era levado em ritmos lindíssimos, que se eternizaram, pois eram letras de sentimento puro, vindo da alma do compositor.
Aí começaram a aparecer as bandas tchê: thê isso, thê aquilo, surgiu uma espécie de salada de frutas que forma uma confusão de vaneira com batuques nordestinos, com letras que não trazem nada em seu conteúdo. O apoio que a mídia vem dando a esta miscigenação de ritmos acabou por aniquilar a nossa boa música, e hoje ainda restam poucos grandes nomes que se arriscam a compor algo de fundamento musical.
E as bandinhas? Ou o povo não aprendeu a dançar, ou estas bandas que têm por aí nunca aprenderam a fazer música, pois é um ritmo só. Fiquei por mais de duas horas tentando encontrar uma emissora de rádio que rodasse uma música fora das bandas e nada consegui. Ou é bandinha ou é breganejo, bandanejo ou bundanejo.
Será que temos que desenterrar os velhos compositores que já morreram para ensinar os novos a fazer letras e músicas? Pergunte a um destes músicos da atualidade sobre a música de hoje. Eles dizem que é isso que o povo quer, que cantam o que o povo gosta. Gosta ou engole por não ter coisa melhor para ouvir? Ou então a nossa cultura musical foi para o brejo e surgiram estes enlatados comerciais que, um ano depois, ninguém mais canta e nem lembra quem são os cantores e seus autores.
Compositores e músicos, vamos começar este ano produzindo algo melhor e com mais qualidade, pois tenho certeza que os milhões de ouvidos irão agradecer.
Até a próxima!" (Jaime Folle)
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